Com a morte do papa Francisco, aos 88 anos, nesta segunda-feira (21), muita gente se pergunta: será que elPapa Francisco pode virar santo? A resposta é sim — mas o caminho até a canonização é longo, cheio de etapas e exige provas concretas, como a realização de milagres após a morte.
Apesar da trajetória inspiradora do pontífice argentino, marcada pela defesa dos mais pobres, dos migrantes e dos marginalizados, a Igreja Católica segue critérios bem objetivos para declarar alguém santo. E tudo começa após o falecimento.
Como começa o processo de canonização?
O processo de canonização só pode ser iniciado depois da morte do candidato. Fiéis, comunidades religiosas ou dioceses podem pedir a abertura oficial, mas é necessário nomear um “postulador”, responsável por reunir provas de que aquela pessoa viveu com virtudes cristãs de forma heroica.
Se o pedido for aceito, o falecido recebe o título de “servo de Deus”. Nessa fase, ainda não há culto público permitido. Depois de uma investigação aprofundada, caso a reputação de santidade se confirme, ele pode ser declarado “venerável”.
Milagres são essenciais
Para que uma pessoa seja beatificada — passo anterior à santidade — é preciso que um milagre seja reconhecido oficialmente. Em geral, trata-se de uma cura inexplicável do ponto de vista da medicina. Esse milagre passa por análise de uma comissão científica e, depois, por uma equipe de teólogos.
Com a beatificação, o culto à figura pode ser autorizado em âmbito local ou regional.
Já para a canonização, ou seja, para que alguém seja declarado santo pela Igreja, é preciso comprovar um segundo milagre, também submetido a rigorosas análises. Somente depois disso, o papa da vez pode declarar solenemente a santidade da pessoa, geralmente em uma cerimônia no Vaticano.
E o papa Francisco?
Francisco é admirado por muitos fiéis por sua humildade, seu cuidado com os pobres e seu posicionamento firme contra as injustiças sociais. Durante seu pontificado, trouxe debates importantes para dentro da Igreja, como as questões ambientais e críticas ao modelo econômico global.
No entanto, até o momento, não há nenhum milagre reconhecido oficialmente ligado ao papa Francisco — nem em vida, nem após sua morte. E essa é uma exigência fundamental para que o processo avance.
Além disso, o Vaticano costuma adotar uma postura de cautela. Especialistas afirmam que a Igreja espera a “calmaria emocional” que se segue à comoção da morte de figuras públicas antes de dar início a processos formais.
Pode demorar — mas não é impossível
A canonização de um papa não é algo inédito — João Paulo II, por exemplo, foi canonizado apenas nove anos após sua morte. Mas há casos em que o processo leva décadas, ou até séculos.
Se os milagres forem reconhecidos no futuro e o processo formal avançar, sim, o papa Francisco pode ser declarado santo. Até lá, a lembrança de sua atuação como líder da Igreja continua viva no coração dos fiéis.